14 agosto 2006

Em contagem decrescente

O cheririnho a férias já se sente. Estou ansiosa por entrar no maravilhoso mundo onde não há horários, responsabilidades e onde podemos fazer o que nos apetece.
Para fechar as férias em beleza, vou dar um pulinho à Ilha Esmeralda.

Espectáaaaaaaaaaaaaaaculo!!!!!!!!!!!!!!!!



13 agosto 2006

Eu, tu e todos os que conhecemos


Felizmente ainda fui a tempo de ver, antes que saísse de cartaz, Eu, tu e todos os que conhecemos a primeira longa metragem da realizadora Miranda July. Além de alguns comentários e críticas que tinha lido e que me despertaram a curiosidade, nada fazia supor que me surpreenderia tanto. Filmado de forma simples, aborda questões do dia-a-dia, aparentemente banais, sem qualquer tipo de presunção. A dificuldade de comunicação, a solidão, o desejo e o medo de amar e tudo o que gira à volta das relações humanas é-nos transmitido de uma forma singela, quase infantil, algures entre o trágico e o cómico.
Christine (interpretada pela própria Miranda July) é uma artista em busca do reconhecimento, que conduz um táxi para idosos. Numa das suas saídas com um dos idosos conhece Richard (John Hawkes), um vendedor de sapatos, a quem fica irremediavelmente ligada. Richard recentemente saído de um casamento falhado, entra em pânico com a abordagem de Christine. Apesar de confessar ao seu colega de trabalho que está preparado para que coisas extraordinárias lhe aconteçam, a dor ainda está muito fresca. Um mês antes, ele tentava desesperadamente "salvar a sua vida" imolando a sua mão pelo fogo, simbolizando, de certa forma, o fim da sua relação. Não será por acaso que só quando retira as ligaduras é que toma finalmente a decisão de telefonar a Christine. E como ele próprio diz You think you deserve that pain, but you don't.



Poderia facilmente ficar-se por um filme que se debruçasse apenas sobre a relação amorosa entre Richard e Christine, mas as questões quotidianas vão para além disso e chegam-nos através das restantes personagens. Os filhos de Richard algo perdidos que se envolvem em aventuras, um como cobaia de duas adolescentes no seu despertar para a sexualidade, outro num romance na Internet com uma perfeita desconhecida. Aliás a cena do encontro, no parque, entre uma mulher de trinta e muitos e uma criança de sete anos é absolutamente dolorosa. A solidão é gritante. O colega de Richard que se envolve num jogo de gato e rato com as duas adolescentes, ficando muito ténue a fronteira entre o erotismo e a pedofilia. A ex-mulher de Richard que precisa de uma camisola com coisas escritas que lhe digam que é maravilhosa, fantástica, bonita, etc. A vizinha de 12 anos que vive obcecada com o enxoval numa tentativa antecipada de evitar a solidão futura.

Este filme é inspirado por um desejo que eu tenho desde criança, um desejo de futuro, de ser encontrada, de que a magia desça sobre a vida e transforme tudo. É também informado pela forma como esse desejo foi evoluindo à medida que me fui tornando adulta, um bocado mais amedrontada, mais contorcida, mas não menos fantasticamente esperançada, confessou a autora.

A simplicidade desconcertante com que revela a complexidade das relações humanas (e não só), acompanhada de uma excelente banda sonora, valeram a este Me and You and Everyone We Know a Câmara de Ouro (melhor primeira obra) de Cannes 2005 e o Prémio Especial do Júri em Sundance 2005.

O site oficial - http://www.meandyoumovie.com/

10 agosto 2006

Ausência

Obrigada mano!

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

08 agosto 2006

Na corda bamba

Nós temos cinco sentidos: são dois pares e meio de asas.
- Como quereis o equilíbrio?

David Mourão-Ferreira

07 agosto 2006

Sempre Florbela!


Esquecimento

Esse de quem eu era e que era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.

Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tacteio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!

Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisantemos...

E desse que era meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos!...

Florbela Espanca, Reliquiae

O meu quadro preferido

Foi ainda a atirar para o adolescente que vi um filme lamechas com a Julia Roberts e Campbell Scott. Foi aqui que me deparei com Gustav Klimt e foi também aqui o ponto de partida para pesquisar e procurar conhecer um pouco mais. Aqui fica o meu quadro preferido de todos os tempos...


Der Kuß / O Beijo (1907/08)

Se eu fosse um desenho animado

Seria... o velho Calimero!




06 agosto 2006

Ironias...

Regras básicas para criar um filho delinquente ou perto disso

1. Não deixe o seu filho fazer nada. Pelo contrário, arrumem as roupas, os sapatos e tudo o que ele atirar para o chão. Assim ele cresce a pensar nos outros como seus criados, a não trabalhar e a atirar para os outros todas as suas responsabilidades.
2. Comece na infância a dar ao seu filho tudo que ele quiser, incluindo roupas, comida e bebidas. Assim, quando crescer, ele acreditará que o Mundo tem obrigação de satisfazer todos os seus caprichos. Por que ele terá que passar pelas mesmas dificuldades que você passou? Deixe-o ser feliz enquanto é jovem.
3. Quando ele disser palavrões, ache graça. Isso fará com que se considere espirituoso e se refine em linguagem ordinária.
4. Evite recriminá-lo, para que não desenvolva um complexo de culpa.
5. Discuta com frequência na presença dele. Assim nem ficará surpreendido quando o divórcio chegar, nem ficará com respeito aos pais, porque, afinal de contas, os próprios pais não se respeitavam um ao outro.
6. Em ocasiões onde ele estiver reunido com amiguinhos ou com seus irmãos use e abuse das comparações que incitem disputa. Compare o carácter, a inteligência, etc. Assim ele aprenderá a discriminar os outros em função de tudo (roupa, telemóveis, raça).
7. Defendam sempre o vosso filho. Dos seus amigos, vizinhos, professores e polícia. É tudo gente desprezível que apenas pretende embirrar com ele.
8. Nunca lhe dê qualquer orientação religiosa nem princípios morais. Espere até que ele chegue aos 18 anos e “decida por si mesmo”.