12 março 2009

Da amizade perdida

O beijo de Judas (na Sagrada Família) - Barcelona - Espanha


Os que já foram tocados pela força de uma amizade verdadeira sabem que é algo de tão profundamente arrebatador que quando se perde a dor é lancinante. Tanto mais quando a perda se dá, não por morte (situação dolorosa que todos aprendemos a aceitar, uns melhor que outros, como uma etapa natural da nossa passagem por esta Terra), mas por deslealdade mesquinha.
Chegarmos à conclusão que aquela pessoa que considerávamos amiga nos traiu, uma e outra vez, das mais diversas formas, minando assim aquilo que pensávamos ser uma relação sólida e à prova de qualquer fenómeno, dói para além do suportável. Dói porque a sensação de vazio é imensa e faz um nó na garganta que não consegue impedir as lágrimas de cair. Lágrimas de tristeza imensa, de luto carregado e de raiva quase incontrolável a ponto de querer espancar, fazer magoar fisicamente para de certa forma conseguir aliviar a dor.
"Vamos seguir em frente!" foram as palavras proferidas secamente, sem qualquer ponta de sentimento, que me rasgaram como punhais, palavras que em poucos segundos me puseram as entranhas todas expostas para seu gáudio pessoal, que em poucos segundos fizeram implodir 20 anos de supostas cumplicidades e carinhosas lembranças! Nesse dia perdi alguém que me era querido. Na verdade não foi exactamente nesse dia. RC tinha morrido já, mas eu insistia em não querer ver a dura realidade.
Faça-se pois o luto, embora seja infinitamente mais difícil fazê-lo por alguém que se passeia no corpo que albergou o espírito agora desaparecido e que me era tão familiar.

3 comentários:

Bruno disse...

E quando é que a Sagrada Família está acabada. Tenho de lá voltar para ver como vão as obras. A última vez em Barcelona foi há quase dez anos. Gosto daqueles detalhes e daquelas misturas exóticas.

A disse...

Pois não sei já que nunca tive o prazer de visitar essa cidade mítica.

Dado ser dos poucos visitantes, vou ter de o tratar bem ;)

Bruno disse...

Poucos visitantes? Acredito que sejam mais do que aparentam. E com certeza que a quantidade não é sinónimo de qualidade. Por isso, mais vale poucos mas bons (categoria na qual não me incluo certamente), do que muitos e desinteressados.