16 março 2009

MILK



Milk é um filme que revelou, uma vez mais, a extraordinária capacidade de transformação de que Sean Penn é capaz. Mereceu, sem qualquer sombra de dúvida, o Oscar para melhor actor principal.

Embora o filme pudesse facilmente cair na tradicional narrativa americana do indivíduo colocado ao serviço de uma comunidade, Gus Van Sant consegue fugir a esse conceito mainstream.

Não obstante o mérito que Harvey Milk ganhou por ter sido o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo na administração pública nos Estados Unidos dos anos 70, em detrimento da sua vida pessoal e até à custa da sua própria vida, o realizador não deixa de mostrar os bastidores sórdidos da política e dos seus jogos de poder. Aqui é forçoso que se recorram a lobbies para se conseguir o que se quer, não escapando Milk a esta poderosa Máquina, ou não fosse ele um homem muito consciente do poder das palavras, do seu timing, da mobilização das massas e da força inquestionável dos media.

Contudo, o facto de Harvey Milk se ter constituído como o representante de uma comunidade incompreendida e perseguida, que precisava desesperadamente de um líder, contribuiu certamente para a conquista de direitos que lhe eram devidos e do respeito da sociedade que também ajudaram a construir.

O filme põe o público à prova e retira completamente o tapete dos estereótipos confortáveis, mas (in)conscientemente arrogantes, em que muitas vezes nos refugiamos. Apela sobretudo à tolerância, ao respeito pelos outros e pela diferença.

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